CONFLITO DE MÃE E FILHOS

            O tempo e a evolução humana desmistificam vários conceitos impostos por uma sociedade, e aqui vale a análise dessa sociedade, sem julgamentos.

            Aprendemos que as mulheres nascem com o instinto maternal e com a chegada da gravidez o instinto renasce.
          

            Voltando aos tempos remotos dos egípcios, gregos, romanos e mais adiante no tempo, por necessidades sociais as crianças eram entregues as babas, já que os jovens pais, como mão de obra produtiva se dedicassem aos governos e empresas mercantilistas.

            Partindo dessa premissa as crianças eram educadas e sobreviveriam aos cuidados, de alguém normalmente de classe menos favorecida ou de uma comunidade com princípios iguais – como os cristãos na época da escravidão romana. Onde o suporte emocional seria diferente de sua genética instintiva. A humanização implica a evolução do ser humano, aperfeiçoando as suas aptidões através da interação com o seu meio ambiente.

            Com a modernidade esse trabalho de ser mãe, em partes continuam iguais, mas a mobilização social e as mídias argumentam os benefícios e malefícios dessa dadiva divina, quando produzida dentro de parâmetros normais, sem rejeições de gravidez, problemas emocionais na fase de criança, violência doméstica e outras adversidades. As escolhas passaram a ser exclusivamente da mãe geradora, mesmo com ou sem a participação do doador do sêmen.

            A prática da maternidade hoje século XXI, exige mais da mulher física e emocionalmente, como: renuncias, sacrifícios e algumas vezes enclausuradas por medo ou insegurança em desempenhar bem seu papel de mãe aos olhos dos outros.

            Essa construção de caráter de um ser humano envolve o contato físico, com carinhos e afetos. Quando essa construção deixa de se alicerçar em princípios naturais, como amor de mãe para filho, desvirtuado do processo programado geneticamente, as consequências se refletem na fase infantil, adolescência e adulta.

            Só para informações: em 1920 o Dr. J. Brenneman tornou obrigatório o contato afetuoso entre qualquer pessoa que entrasse na enfermaria e os bebês ali presentes, as taxas de mortalidade caíram drasticamente. No início do século passado, a mortalidade entre bebês vivendo em orfanatos na Europa e América do Norte era de quase 100% da população. Estas crianças tinham todas suas necessidades físicas atendidas, mas não era permitido nenhum contato físico com elas, porque as pessoas pensavam que isso poderia transmitir doenças. Assim, elas morriam aos milhares.

            Carregar carências para os filhos, dificulta a construção de valores e relacionamentos, com a sociedade que cobra perfeição dos outros e conflita cada vez mais uma pluralidade de exigências a si mesmo.

            Os filhos normalmente serão, o nosso amor, nossa orientação, na educação, nas regras, da nossa compreensão, como um dia fomos de nossos pais ou cuidadores (padrasto, tios, avós, etc.), ou como deveríamos ter sido em seu momento. As responsabilidades são dos pais, mas com o advento do empoderamento da mulher, e separações, ficou para a mãe mais responsabilidade e disso dependerá a relação dos filhos no futuro.

            As necessidades afetivas das mães precisam ser resolvidas, algumas carregam as marcas deixadas por relacionamentos equivocados com e dos pais para todas as outras relações, e os filhos não são uma exceção. Infelizmente, muitas vezes aqui é onde começa a maior parte dos problemas.

            Criar uma relação sólida com os filhos de maneira limpa, sem resquícios de um passado que eles não viveram. Pois, mãe é a maior referência que um filho pode copiar, eles estão mais atentos as atitudes que as palavras. Sempre querendo aprovação, carinho e admiração.

            Na adolescência surgem os conflitos porque, muitas vezes, na busca de encontrar a própria identidade, fazem tudo diferente do que aprenderam e vão por caminhos equivocados.

            As mães, não dão conta que podem sufocar os filhos com muitas expectativas para eles. Creem que os filhos desconhecem absolutamente o mundo, tentam ensinar a eles tudo que sabem agem com uma proteção exacerbada. Não queremos que cometam os erros que cometemos, então interferimos mais do que deveríamos. Mas cometerão os próprios erros e aprenderão com eles, independente do quanto a mãe irá protegê-lo.

            Os filhos crescem e exigem independência sobre suas próprias vidas, sobre suas próprias famílias, e nos oferecem um lugar de observador de suas vidas, da arquibancada. Nesse momento a mãe sente-se excluída.

            Disfarçadamente, eles estão sempre nos observando em busca e nossa avaliação daquilo que estão fazendo. Estamos aprovando? Estamos reprovando? Ainda que estejamos em silêncio e sem interferir, nosso olhar, nossa expressão facial, nossos gestos, tudo é observado como dicas sobre o caminho que estão percorrendo. E o filho sempre esperando a aprovação de um pai ou de uma mãe.

         A dificuldade de individualização de mãe e filhos, para uma relação que tem início de maneira absolutamente simbiótica, sem mim ele não teria nem mesmo existido? ”. Pode se completar que sem o sêmen (porra) do pai, também não. rsrsr

            Filhos excluem os pais em uma tentativa existir como uma pessoa diferente daquela que a mãe espera dele.

            O inverso também acontece, por N, motivos: pais que rompem contato, por inveja, sentem-se desonrado, traídos, rejeitando o papel de coadjuvante quando já foi ator principal.

            Também é difícil não tentar resolver através de sua maternidade, as falhas trazidas da relação com a sua própria mãe. As situações adversas, apesar dos limites impostos, das distâncias, da idade, e o resto. Pode ser fonte de conforto ou de muita dor.

         Um filho quer a mãe em sua vida, mas não do jeito como ela deseja e sim de uma maneira saudável (na visão dele), que lhe permita existir como pessoa, pode ser uma tarefa árdua. Mesmo sentindo causador do sofrimento da própria mãe ou no direito de conquistar e brigar pelo benefício de ser uma pessoa diferente.

            As disputas de individualidades são eternas, por um amor que costuma ser incondicional de ambas as partes, não é uma relação imune a conflitos nem que está finalizada. Como toda relação humana, é construída a quatro mãos: depende de dois para crescer, existir, e se fortalecer.

            Ceder e quando? , com o crescimento dos filhos e o amadurecimento das mães, é importante cultivar um diálogo maduro e aberto. Superar os medos infantis de punição ao expressar os próprios sentimentos, ou de ofender os pais, porque são as coisas não ditas ou ditas sem respeito que costumam criar mágoas e distâncias.

            Com diálogo sincero e amoroso ambos crescem conscientes de que nenhuma das partes está imune a erros e que ambos precisam contar com a capacidade de perdoar do outro, para que o tempo fortaleça os vínculos da relação.